Receita de amor...

Pra que tudo termine perfeito é preciso que antes haja algum defeito e aí é melhor consertar o que pode, para sempre, se estragar. Para que tudo dê certo é preciso rever o incorreto e se um vier a vacilar é preciso que o outro consiga perdoar. Reincidências podem acontecer e novos perdões, até, podem haver. O que não pode existir, que com certeza fará tudo ruir, é a falta ou a escassez do amor pois não há coração que suporte tal dor. Quando se ama é imprescindível ser amado por alguém que nos seja dedicado durante cada sol e cada lua, durante dia claro e noite escura, enquanto cada estrela brilhar e mesmo quando uma delas, por ser cadente, do céu despencar. Amor não se mede pelo tempo que ele existe, nem pelas vezes que se insiste em fazê-lo sobreviver. Amor tem uma medida diferente, impossível de se entender. Seu tempo pode ser pequeno e valioso, e, também, pode ser imenso e ocioso, portanto não tente medí-lo com aquelas medidas normais, através delas ele apresentará sempre tempo e intensidade iguais. Amor requer dedicação como se fosse uma flor plantada dentro do coração. Requer ser regado e bem tratado, protegido e admirado. Amor requer cumplicidade, paciência e veracidade. Precisa ser como uma árvore frondosa que fornece, no calor, a sombra mais gostosa ou como uma marquise imensa que protege de uma chuva intensa. Amor tem que amparar, dar firmeza e segurar quando for o caso de escorregar. Amor pode até não durar uma vida inteira, pode um dia despencar de uma ladeira, mas enquanto estiver sendo vivido precisa estar muito vivo, de olhos bem abertos sem se perder pelos caminhos do incerto. Amar é uma arte impossível de se ensinar, embora exista uma receita que é possível copiar. O problema é que há nessa receita um ingrediente que eu não vou revelar, e ele é muito difícil de se encontrar. Fábio O Safadinho – queroaventuras@gmail.com http://groups.google.com/group/queroaventuras http://queroaventuras.blogspot.com/ http://poemaeverso.zip.net/